05 julho 2017

RESENHA: O Ceifador - Neal Shusterman

Título: O Ceifador
Autor: Neal Shusterman
Páginas: 448
Editora: Seguinte
Nota: 4/5


Sinopse: A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria... Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade. Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador - papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a arte da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais, podem colocar a própria vida em risco.


Avaliação:


Há um tempo não leio distopias e assim logo que vi "O Ceifador" nas livrarias, não resisti e adquiri o meu. A proposta do livro é bem ambiciosa e inteligente, afinal a temática 'morte' sempre foi um assunto misterioso e intrigante para a sociedade. Partindo dessas ideias, me joguei na leitura desta obra que consegue trazer muito mais reflexões do que qualquer outro livro do gênero, lido antes por mim.

A história nos apresenta um mundo onde não existia mais a morte, as doenças, guerras ou velhices foram erradicadas e assim a humanidade conseguiu finalmente o que almejava: a imortalidade. Entretanto, o problema de recursos limitados ainda persiste, o que resultou na criação dos Ceifadores, uma ordem que tem como função principal, realizar a "coleta" de um número x de indivíduos, anualmente. Para tanto, uma série de mandamentos devem ser seguidos, para que a coleta seja livre de vícios e preconceitos.



Nesta sociedade distópica,não há mais governantes entre os Estados. Na verdade, uma inteligência artificial é responsável pela segurança pública, distribuição de informação e todos os outros serviços essenciais, como saúde, educação e etc. Tudo isso controlado pela Nimbus-Cúmulo, que embora exerça esse papel importante ao auxiliar os seres humanos, não interfere nas atividades da Ceifa. Afinal, a morte era muito delicada e por isso deveria ser deixada nas mãos daqueles possuíssem sentimentos.

"A esperança diante do medo é a motivação mais forte do mundo".

Citra é uma jovem comum, estudante e vinda de uma família comum, ela ainda não sabe ao certo o que quer para o seu futuro. Mas a resposta acaba lhe encontrando antes mesmo que ela decida, pois em uma certa tarde o Ceifador Faraday visita sua residência e após um jantar um tanto quanto desconfortável, afinal todas as pessoas temem os Ceifadores, com medo de serem coletadas. Mas Faraday não queria coletar ninguém da casa de Citra aquele dia, pelo contrário, acaba coletando sua vizinha e ficando muito interessado na atitude destemida de Citra, durante o jantar.


Já Rowan possui pais bem ricos, que não lhe dão muita atenção e por isso ele se considera um garoto 'alface', enquanto seus irmãos são o hamburguer e o bacon da relação familiar. É um dia comum na escola, ele se surpreende ao encontrar o Ceifador Faraday que logo lhe pergunta sobre um colega de escola, Rowan indica o caminho o garoto se encontra e também acaba presenciando a coleta do garoto. Faraday fica intrigado por Rowan ter sido tão corajoso naquele momento, afinal presenciar uma morte nunca deveria se tornar algo fácil.

"Rowan se perguntou se em um mundo sem morte todos seriam estranhos uns para os outros".

Uma semana depois, o destino de Rowan e Citra acabam se entrelaçando, quando ambos recebem um convite para uma Ópera. Chegando lá, não encontram ninguém mesmo que o Ceifador Faraday, que resolve fazer deles seus aprendizes. Citra fica relutante em aceitar, mas a vida de um Ceifador trás benefícios como imunidade para toda sua família. Já Rowan, por ter pais que não se importam, aquela parece ser a sua oportunidade de se ver livre da família. E assim, ambos seguem o caminho com o Ceifador Faraday a fim de aprenderem todo o funcionamento interno da Ceifa e também todas as formas possíveis de matar.



Ao final do treinamento, aquele que vencesse receberia o anel do Ceifador, bem como poderia escolher um novo nome e a cor de seu manto. O outro deveria partir e retornar a sua vida normal, mas esses planos acabam sendo frustrados em uma reunião um pouco tensa da Ceifa, que decide que aquele que perder deverá ser coletado pelo que ganhar. Rowan não quer matar Citra e nem Citra quer matar Rowan, mas ambos se virão jogados em uma realidade um pouco mais cruel do que imaginam e serão obrigados a enfrentar algo que levou a humanidade á guerra e à ruína: a sede de poder.

"A sã consciência é superestimada - Goddard disse. - Prefiro ter uma consciência livre a ter uma consciência sã".

É difícil falar de um livro tão vasto e que de certa forma, nos faz refletir em diversos sentidos. O cenário que nos deparamos é uma sociedade altamente desenvolvida, onde ser atropelado ou se jogar de um prédio, pode ser rapidamente resolvido e a pessoa volta a vida dali a alguns dias. A única morte irreversível, é a que ocorre pelo fogo. E embora a ideia de não morrer e de poder se tornar jovem infinita vezes pareça ser o ápice da humanidade, ainda existe aquela dúvida se as pessoas realmente deveriam ser eternas. E se a Ceifa, realmente conseguia ser justa, já que nem todos ceifadores eram benevolentes em suas coletas.

A atmosfera do livro em geral, é muito bem construída, são poucas as descrições sobre a cidade e aspectos visuais das coisas, mas isso não me incomodou tanto, uma vez que o foco da leitura estava nas reflexões dos diários dos ceifadores, que aparecem a cada inicio de capítulo. Os personagens são muito bem construídos e de certa forma intrigantes, Rowan conseguiu ser o meu personagem preferido, não só pelo seu senso de justiça, como também pelo seu altruísmo. Já Citra é cheia de emoções e a força dela em mudar o sistema, é o que deixa o leitor maravilhado.

"Ele levava uma vida agradável. Sua maior queixa era ser deixado de lado. Mas será que todos não se sentiam assim? Viviam num mundo em que nada importava de verdade. A sobrevivência era garantida. A renda, garantida. A comida era abundante e o conforto, uma certeza. A Nimbo-Cúmulo atendia as necessidades de todos. Quando não se precisa de nada, o que mais a vida pode ser além de agradável?"

O livro em si, conseguiu prender minha atenção em toda a narrativa, trazendo reviravoltas que realmente me chocaram e acontecimentos aos quais eu não esperava. Entretanto, ainda senti falta de um plot mais significativo no desfecho, senti que a obra não terminou como deveria ou que não conseguiu realmente arrematar todo o enredo, uma vez que o seu final foi muito 'simples' dado a complexidade dos problemas apresentados ao longo da obra e que acabaram não sendo resolvidos. E confesso que quando fechei o livro, pensei que o autor nos traria uma continuação com os devidos esclarecimentos, entretanto, "O Ceifador" é um livro único e embora isso agrade muitos leitores, eu ainda sinto falta de uma finalização melhor para essa história.

O livro é um trabalho da Editora Seguinte, que caprichou e muito nessa edição. A capa é belíssima, com uma diagramação simples, mas condizente. A edição está impecável, sem erros ortográficos e com um trabalho gráfico muito bem realizado. Recomendo este livro para os fãs de distopias, que gostam de fazer reflexões e paralelos com os rumos aos quais, a humanidade poderia seguir.

13 comentários:

  1. Admito que já estava de olho nesse livro apenas pela capa a um certo tempo e não tinha parado para ler uma resenha. Essa é a segunda que leio e mais uma vez, positiva.
    Amo distopias e não vejo a hora de iniciar essa leitura.
    Adorei sua resenha!
    beijinhos

    #Ana Souza
    https://literakaos.wordpress.com/

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  2. Me parece bem interessante, considerando premissa e capa. Parabéns pela resenha!!!


    Grande abraço,
    www.cafeidilico.com

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  3. To muito afim de ler esse livro! Adorei a sua resenha! A dica já está anotada!
    Bjos

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  4. Oi, tudo bem?
    Amo distopias e confesso que não conhecia esse livro. Achei a capa maravilhosa e o enredo envolvente,afinal como assim um mundo sem mortes? Haha
    O que me desanimou foi saber que o desfecho final deixa a desejar :(
    Bjs!
    Fadas Literárias

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  5. Olá! Não curto muito as distopias, mas gostei dessa, que trata de guerra pelo poder, tem conflitos familiares e sobre a amizade entre os dois "coletores". Tenho dificuldades em imaginar algo tão diferente da realidade, mas acredito que, dando oportunidades a esse tipo de leitura, a tendência é me familiarizar mais. Que pena que o final não foi como o esperado e que não terá uma continuação, mas que bom que mesmo assim foi uma boa leitura.
    Beijos!
    Karla Samira
    http://pacoteliterario.blogspot.com.br/

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  6. Oiii amada, estou muito de olho nesse livro, é um tema que pouco encontro nas livrarias aqui na minha cidade e sei que não irei me arrepender, quero saber como vai ser o desenrolar da história e como irão matar um ao outro, se terão coragem né, lindas fotos.
    Beijinhos

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  7. Olá,

    A premissa desse livro já é de tirar o fôlego imagine como será ler a história mesmo. Adoro distopias, mas, confesso não leio tantas quanto gostaria. Já tinha ouvido falar nesse livro, porém ando com algumas leituras atrasadas. Não gostei dessa capa, mesmo alguns tendo dito que combina com a história. Espero ter a oportunidade de fazer essa leitura futuramente.

    Beijos,
    entreoculoselivros.blogspot.com

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  8. Oie!
    Eu terminei a leitura desse livro essa semana, e adorei a história. Inclusive não vejo a hora de ler o próximo livro, pois o final foi daqueles que não tem como ficar curioso. Eu gostei muito dessa leitura.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  9. Olá! Curto demais esse tipo de história e sempre vejo ótimas resenhas sobre esse livro. Tem uma premissa bem interessante, parece ser cheio de ação, uma distopia maravilhosa, pretendo ler esse ano! beijos!

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  10. Adoro distopias, não conhecia esse livro e sua resenha me deixou com vontade de lê-lo. Vou por na lista que assim que der lerei.

    Bjs
    Suka
    http://www.suka-p.blogspot.com.br

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  11. Heiii, tudo bem?
    Eu ameiii a leitura de O Ceifador, achei uma distopia mto bem feita e adorei o diário dos ceifadores famosos.
    O Ceifador nao é livro único, como vc escreveu na resenha, o livro é o primeiro de uma série, o autor já está escrevendo o segundo e a previsão é segundo semestre de 2018.
    Beijos.

    Livros e SushiFacebookInstagramTwitter

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  12. Olá!

    Muito hype mas não tenho interesse na leitura. Li tanta distopia que acabei enjoando... Mas essa capa da Seguinte está uma maravilha, parabéns para a editora!

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  13. Fiquei bem animado com essa resenha. Que bom que o livro conseguiu fisgar tua atenção, isso foi bacana você ter destacada na resenha.
    Aliás, gosto tanto do blog que toda vez que vejo que tem resenha nova, esboço um sorriso todos-os-dentes, tamanha a felicidade. Esse blog é show!

    Acho que este blog faz um trabalho muito bacana, incentivando a literatura, com resenhas muito bem feitas, uma melhor que a outra. Gosto muito de tudo o que leio aqui, e leio tudo com frequência. Toda semana estou acessando o blog pra conferir as novidades.

    Parabéns pelo trabalho. Já virei fã.
    Um abraço, Dieison, Humaitá/RS.

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