RESENHA: A Máscara do Rei

Título: A Máscara do Rei

Autora: Francine Cândido

Páginas: 227

Editora: Arwen

Nota: 4/5

Livro: Cortesia da autora

Sinopse: Um país talhado à espada chega ao ápice de uma guerra dinástica. Dois reinos disputam pelo controle da cidade sagrada, mas sua sede por poder levará todos à descobrir que o caminho é mais obscuro do que se imaginava. Da guerra se construiu um império, das cinzas e do sangue se forjou um rei. Na teia da mortalidade, jogar é a única forma de sobreviver, pois nem todas as peças permanecem inteiras no fim. Um rei que não quer guerra, mas tem de ir para ela. Um rei que quer destruir todos os seus inimigos, por pura glória e rancor. Um príncipe que precisa lutar pela sobrevivência.

Avaliação:

Há um bom tempo eu estava querendo conhecer o trabalho da Francine Cândido, para minha felicidade, o blog acabou sendo selecionado para parceria e não hesitei em solicitar esse livro, que desde a sinopse já havia me encantado. Já adianto, que as emoções são fortes nessa trama e para aqueles que adoram histórias épicas, vão se divertir um bocado com esse livro.

Em "A Máscara do Rei" nos deparamos com dois reinos em guerra,  pela disputa da cidade Celeste, que é considerada sagrada e por isso ambos querem domina-la. Os reinos são Derastrix, onde o governante é o Rei Svenr. Este por sua vez, é rude e implacável, cuidando somente dos nobres e deixando a camada mais pobre na total miséria. O filho do rei, Eldon é o oposto do pai, nutre ódio pelo Rei e também o culpa pela morte de sua mãe, que foi assassinada enquanto Svern se deitava com a atual Rainha, Sarene.

Svenr foi obrigado a casar com Serene, já que o clérigo insistiu que não poderia haver um Rei solteiro. Logo que conhecemos a nova Rainha, percebemos que ela é uma verdadeira cobra, que se esconde atrás de preces e uma falsa delicadeza. Mas os pensamentos dela, nos revelam uma mulher que quer acabar com Eldon e todos que estiverem a sua frente. 

"Há ódio em todos os homens, mas enquanto houver vida haverá uma chance de consertar isso. Alguém sempre pode ser abençoado com amor".

O outro reino se chama Vutham, onde o Rei é Auran Ossalur. Diferente do seu povo, ele não quer que a guerra aconteça, mas se vê convencido pelos seus súditos e também pela irmã que é muito misteriosa. Este é um personagem que mais se destacou na narrativa, Auran é muito justo e honrado, de forma que até mesmo o Rei Svenr, mesmo com o seu ódio por Vutham, nutre um certo respeito por ele. 

Os dois reinos, cada vez mais fortificados, estão prestes a eclodir uma guerra. Mas um segredo é revelado: Auran descobre que está sendo traído. E esse traídor, fez um pacto com os hazans, negociando o ferro negro produzido em Vutham. Este material que confecciona as armas, trata-se de um metal banhado nas águas do Lago Negro, onde não há nenhuma vida e consequentemente a arma que tiver esse ferro, apodrece qualquer corpo que a toca. Entretanto, o traidor cedeu muito mais do que as armas, já que os hazans não se contentam com pouco. 

Foto Retirada do Google Imagens

Com a guerra próxima, Auran resolve descobrir logo quem é o traidor e para isso conta com a ajuda de Cealdia, uma imperatriz de um reino no deserto, sendo que em seu reino as mulheres são respeitadas e consideradas seres de luz. Cealdia já teve um passado com os hazans e por isso quer participar de qualquer vingança, que envolva prejudica-los. O mais interessante nessa personagem, é a forma como ela passa por cima do machismo e puni os homens que não respeitarem as mulheres.

"A guerra mata até mesmo aqueles que não vão para o campo de batalha."

Enquanto isso em Derastrix, o Rei por um determinado acontecimento acaba não tomando frente da guerra. Deixando Baern Falkrlinn - padrinho de Eldon - assumir o exército, já que Eldon é jovem e inexperiente. O problema todo é que, Baern não é quem diz ser e ao se tornar um aliado de Sarena, as coisas se complicam cada vez mais. 

Uma história intensa, é isso que encontramos nesse livro. O enredo nos mostra diversas situações onde há traições e lutas pelo poder, de forma que foi impossível não fazer uma certa comparação com Game Of Thrones. Em 'A Máscara do Rei', cada um luta por seus ideais, mesmo os mais absurdos e isso gera uma excelente construção de personagens, que são tão cativantes, que é impossível esquecê-los. Eldon foi um personagem que me surpreendeu muito, ninguém acreditava nele, até mesmo eu desconfiava do potencial do garoto, mas a medida que a história se desenrola, conhecemos o seu verdadeiro potencial.

A narrativa é feita em terceira pessoa, embora cada capítulo seja de um determinado personagem. Há mistura no enredo, entre a guerra e também elementos sobrenaturais presentes no livro, que infelizmente foram poucos explorados, mas espero que encontremos um desenvolvimento melhor no segundo volume. O ponto alto do livro, é justamente a forma como somos apresentados aos personagens, que possuem suas próprias motivações e isso nos faz entender a atitude de cada um na guerra.

"- Não devemos ter dúvidas de Deus, já que ele está além do que nós somos capazes de ser. Humanos são contentáveis, pois sua essência é mutável. Quando crianças, queremos aprender. Quando jovens, queremos explorar.- Passou os dedos pelo peito do irmão.- Quando adultos, queremos poder e, quando idodos, só não queremos morrer."

Eu tinha expectativas muito altas com esse livro e felizmente todas foram supridas. A escrita da Francine é muito leve e fluída, de forma que tudo que mencionei é explicado com muita leveza no livro e por isso as páginas se passam rapidamente pelos nossos olhos. O livro é um trabalho da Editora Arwen, com uma capa condizente, a diagramação digital está impecável e só um ponto negativo, foi alguns pequenos erros revisionais, mas nada que atrapalhasse a leitura e compreensão da história.